domingo, 24 de abril de 2011

PITADAS DO LIVRO

Em 29 de dezembro de 1890, cerca de 300 índios da Nação Lakota-Sioux, liderados plo chefe Big Foot, foram brutalmente massacrados por soldados da Sétima Cavalaria dos Estados Unidos da América, comandados pelo coronel James W. Forsyth e pelo major Samuel Whitside.
No Brasil, 64 anos após o massacre, um menino de 4 anos, nascido na cidade do Rio de Janeiro, começa a manifestar um forte vínculo emocional com os índios, que permaneceu e ampliou-se ao longo de sua existência. Mais tarde, quando novos rumos despontavam em sua vida, começaram a ocorrer, inesperadamente, certos sonhos e sinais que o conduziriam a uma viagem ao Arizona e a Dakota do Sul em busca de respostas...
Uma Jornada no Tempo é o resultado dessa viagem. É uma narrativa que sugere muitas outras, como a de um Brasil que muitos brasileiros desconhecem. Mas é, sobretudo, a história da surpreendente revelação concedida pelo Grande Mistério a quem acreditou e foi em busca de suas visões. A história de quem se mostrou merecedor do Cachimbo Sagrado, elemento de ligação entre presente e passado que nem mesmo o tempo conseguiu apagar.


PREFÁCIO
Tudo que acontece não é senão um sinal


A vida possui uma estrutura sacramental. Está cheia de sinais e de sentidos ocultos e sagrados que devem ser decifrados. É como os sacaramentos cristãos: O presente livro de Luiz Filipe Tsiipré de Figueiredo possui essa dimensão sacramental. Trata-se de uma autobiografia singular. Os fatos narrados são fatos, mas funcionam como mitos. Todo mito revela a verdade oculta dos fatos, seu propósito escondido.

A busca incansável do autor é por esse sentido oculto que lentamente vai se revelando para trás, mediante as memórias acumuladas nas pradarias de Dakota do Sul, nos Estados Unidos da América, e para a frente, através da vida comprometida por mais de 20 anos com a causa indígena e com os métodos alternativos de cura. Nisso o autor entra em comunhão com as forças poderosas. Mas, por causa dos limites de nossa cultura racionalista, dificilmente vêm à tona ou são acolhidas como dádiva do Universo ou de Deus.
Para quem se move nesse campo de energia, não existe acaso. Tudo é portador de mensagens que importa decifrar. Como bem diz Tsiipré: “O mero acaso somente existe para os que ignoram as Leis do Universo.”

Ele mostra a inarredável convicção de que sobre cada um se move uma estrela de Belém a orientar o caminho da vida. Por isso, a dimensão espiritual adquire centralidade. Assumir essa perspectiva é de capital importância na quadra atual da humanidade, que sente aproximar-se de um abismo. Somente numa visão espiritual do mundo, tão bem representada na saga de Tsiipré, podemos encontrar uma saída salvadora.

O livro estimula cada um a descobrir dentro de si o mestre escondido e encontrar seu Cachimbo Sagrado, que, para ele, significou o sacramento maior. Mas esse mestre somente se manifestará quando o discípulo estiver pronto. E ele estará pronto quando começar a escutar o próprio coração, o cântico da Terra e os pensamentos que as montanhas, as árvores e os animais expressam por suas próprias e simples existências.
Aqui reside o valor deste curioso e desafiador relato.

Leonardo Boff
Petrópolis, festa de Corpus Christi de 2008
 


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NOTA DE ORELHA
Massacrados num passado não muito distante, os povos originais – guardiões de tradições místicas que incomodavam profundamente as religiões dos colonizadores – deixaram um legado de fé e sabedoria que resiste ao tempo e ao preconceito. Se o etnocentrismo ainda prevalece em alguns nichos acadêmicos, o bom-senso recomenda atenção para com os relatos que resgatam a mais importante de todas as verdades espirituais: são muitos os caminhos que nos levam a Deus. É assim que a espiritualidade contém todas as religiões, mas as religiões não contêm toda a espiritualidade. Seja qual for a nossa vivência mística, é importante reconhecermos que este é um caminho único, pessoal e intransferível. Uma trajetória solitária que requer coragem, disciplina e obstinação.
Tsiipré e portador de uma vivência que atravessa os tempos, as encarnações, as culturas, para chegar até nós como elo entre os dois planos da vida. Visões, intuições e encontros inesperados com pessoas e lugares referenciais compõem o mosaico de experiências que descortinam o caminho místico do autor. A cada nova revelação, a certeza de que é preciso prestar atenção aos sinais e continuar seguindo em frente. Não é fácil explicar eventos do gênero. No fim, acaba-se considerando este um assunto de fé. Pois que assim seja. Com fé, chegou o autor às respostas que buscava. Com fé, saberá o leitor a identificar os sinais do livro que, eventualmente, emprestam sentido à sua própria caminhada espiritual.

André Trigueiro
Jornalista e autor de Espiritismo e Ecologia



ELOGIO
Quando Tsiipré me solicitou que lesse e comentasse uma das primeiras minutas de sua autobiografia, aceitei com prazer. Eu já conhecia alguns acontecimentos de sua vida aventurosa, e foi com grande curiosidade que comecei a ler seu trabalho. Confesso que, quanto mais eu lia, mais me entusiasmava. Tsiipré me surpreendia. Além dos episódios interessantíssimos , que já esperava encontrar na história de quem se dedicou, por mais de vinte anos, aos indígenas brasileiros, e ainda pôde conviver, nos Estados Unidos, com os índios Sioux, me deparei também com outra referência, menos conhecida, de sua personalidade. Ele relata no livro suas reveladoras descobertas espirituais.
Isso me leva a afirmar que Uma jornada no tempo vale a pena ser lido, não somente em razão das aventuras experienciadas por Tsiipré, mas, sobretudo, pela profundidade espiritual que contém, pelas lições de vida que ensina.

Roberto Lima Netto
Escritor, autor de Além do Arco-íris.


INTRODUÇÃO

A história que vou contar aqui é a minha própria história, deste e de outros tempos... Pareceria fruto da imaginação, um simples conto, se não fosse verdadeira.

Tudo que se passa em nossa vida tem uma razão de ser, um sentido que não é apenas bom ou ruim, mas que nos proporciona descobertas e transformações a partir do momento em que nos colocamos receptivos as sutis mensagens do cotidiano. Tais mensagens, ou sinais, podem surgir no voo de um pássaro, no olhar de uma criança, nas chamas de uma fogueira, nos dizeres de alguém ou em sonhos de uma noite... É preciso saber decifrá-las.

Luiz Filipe e Tsiipré fazem parte de uma mesma personalidade, com origens distintas entre si. O primeiro foi escolha de minha mãe, por ocasião do meu nascimento, em abril de 1954, na cidade do Rio de Janeiro, então Capital Federal. Já o segundo é o nome que recebi dos índios Xavante, no estado de Mato Grosso, em meados da década de 1970, e que significa Pássaro Vermelho.

Certa vez, o sr. Mansur, pai de meu grande amigo e compadre Ricardo, me disse que o ser humano, para se tornar completo, deve cumprir tres tarefas fundamentais na vida, começando por plantar uma árvore, ter um filho e, finalmente, escrever um livro. À época, eu já havia plantado algumas árvores e era pai de uma linda criatura chamada Maíra. Acredito que aquelas palavras me incentivaram na elaboração desta obra. No entanto, após o seu término, nem de longe me sentirei nesse estado de completude. Pelo contrário, ainda haverá muito chão a percorrer, pois a jornada é bem maior do que parece. . .

O que nos trouxe a este mundo diz respeito a um propósito específico e vinculado aos Desígnios Celestes. Não estamos aqui por mera obra do acaso, até porque tenho motivos convincentes para não crer em casualidades... Os fenomenos existentes e suas múltiplas manifestações fazem parte de um todo muito bem-orquestrado pelo Criador da Vida, o Grande Mistério... Na essência, todos os seres pertencentes aos reinos mineral, vegetal e animal, incluindo a nossa espécie, tem uma missão bem-definida no âmbito do universo, desempenhando funções de absoluta grandeza. Buscar compreender essa ordem cósmica e sua interação com os planos superiores representa um estágio a mais no processo evolutivo dos seres humanos, respeitando-se a etapa em que cada um se encontra.

Ao acumularmos determinadas experiências e saberes, que possam contribuir para a vida e o processo de expansão da consciência, consequentemente almentamos nossa responsabilidade perante as pessoas. Esses conhecimentos devem ser passados adiante, e jamais devemos guardá-los ou fechá-los a sete chaves.

Por essas razões, decidi escrever este livro, e resolvi escrevê-lo num lugar muito especial, diferente e a moda antiga. Diferente, por não estar entre quatro paredes de concreto, numa casa ou apartamento; a moda antiga, pelo fato de escrevê-lo totalmente a mão, sem o auxílio de computador ou mesmo de uma simples máquina de datilografia. Encontro-me numa pequena clareira entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar, um dos cartões-postais da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Como sempre gostei de andar pelas matas, acabei descobrindo esse lugar numa dessas incursões, no ano de 1993. Sua localização está fora das trilhas percorridas por visitantes e montanhistas, o que me permite isolamento absoluto e a tranquilidade necessária para me concentrar na escrita. Ao meu redor, a paisagem contrasta entre o verde exuberante desse pequeno pedaço da Mata Atlântica e o azul de um céu sem nuvens, ao encerramento de mais uma tarde de sábado, num dia de verão. Uma brisa sopra suavemente, enquanto um gavião pinhé e os grilos anunciam sua presença. Bem distante, o ruído dos carros evidencia e faz lembrar que me encontro no coração de uma cidade grande, como tantas outras, porérn abençoada pelo Arquiteto Universal, em se tratando da exuberante natureza que a rodeia. Uma cidade com suas neuras, conflitos e contrastes, gerados por seus habitantes, mas a qual sou grato pelo muito que venho aprendendo na vida, por todas as descobertas que me foram proporcionadas, inclusive esta clareira, o lugar perfeito para escrever esta história. Uma história que fala, entre outros assuntos, de índios e das revelações de uma vida passada, também de índio, na América do Norte, nas pradarias de Dakota do Sul. Uma história que aborda as evidências de minha vida anterior.

Não se trata aqui de mais um Iivro sobre reencarnação, seja no aspecto religioso ou científico do termo. Pretendo simplesmente expor o que me aconteceu, a profunda experiência pela qual passei, e de maneira totalmente espontânea, sem nunca dantes ter ído em busca de tais revelações. Por outro ângulo, meu antigo interesse pelo sentido espiritual da vida, incluindo as religiões, pode ter influenciado minha jornada. Percorri diferentes templos, mas hoje me considero uma pessoa que adquiriu a religiosidade como um princípio da própria existência, independentemente de qualquer doutrina.

A partir dos 4 anos de vida, comecei a manifestar forte atração por tudo aquilo que se relacionasse diretamente com os índios. Fossem objetos, fotografias, filmes ou simples histórinhas, Iá estava eu, totalmenre fascinado e absorvido pelo tema! E aquela atração, em vez de terminar com o passar dos anos, muito pelo contrário, foi se intensificando até o dia em que me tornei um indigenista. Convivi, trabalhei e estive voltado para a causa indígena por mais de 20 amos.

Eu não fazia a menor ideia da ponte que futurameute teria de atravessar... Uma ponte Iigando o presente influenciado pelos índios a um passado indígena, com registros memoráveis na alma e emergidos do subconsciente.

Mergulhando no tempo, contemplo as majestosas e altivas montanhas, testemunhas silenciosas dos povos antigos que habitaram essa região, denominada pelos Tupinambá quinhentistas de Guanabará. E aqui, na clareira, meu escritório natural e refúgio sagrado, é que começo a contar minha história.

Rio de Janeiro, ou Guanabará,
lua nova de fevereiro de 2003




Um comentário:

  1. Olá Felipe,
    prazer, me chamo Isabela Guedes e ouvi o teu depoimento no programa da Daisy Lúcidi e fiquei interessada na tua entrevista. Eu acredito "piamente" que exista uma outra vida e que somos a própria alma.
    Sou jornalista, espírita kardec e estou a lançar um blog que tentatá reunir a história do circo, reunindo, agregando mitos filosóficos e espíritas.

    Tenho um blog muito bom que retrata a memória do rádio esportivo carioca, há mais de 3 anos na web:

    http://blogdoradiocarioca

    E o Mais novo "rebento": Circos e Mitos
    http://circoemitos.blogspot.com

    O meu email é:
    mariaisabelaguedes@gmail.com

    Grata pela atenção,

    Isabela Guedes

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